Pampa Brindes

A Lenda do Chimarrão

A Lenda do Chimarrão (1)

 

Conta a lenda da Erva–Mate que um velho guerreiro guarani vivia triste em sua cabana pois já não podia mais sair para as guerras, nem mesmo para caçar e pescar, vivendo só com sua linda filha yari, que o tratava com muito carinho, conservando-se solteira para melhor dedicar-se ao pai.

Um dia, Yari e seu pai receberam a visita de um viajante que pernoitou na cabana recebendo seus melhores tratos. A jovem cantou para que o visitante adormecesse e tivesse um sono tranqüilo, entoando um canto suave e triste.

Ao amanhecer, o viajante confessando ser enviado de Tupã, quis retribuir-lhes a hospitalidade dizendo que atenderia a qualquer desejo, mesmo o mais remoto. O velho guerreiro, sabendo que sua jovem filha não se casara para não abandoná-lo, pediu que lhe fosse devolvidas as forças, para que yari se tornasse livre.

O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de árvore de Caá, ensinando-lhe a preparar uma infusão que lhe devolveria todo o vigor. Transformou ainda Yari, em deusa dos ervais e protetora da raça Guarani, sendo chamada de Caá-Yari, a deusa da erva-mate. E assim, a erva foi usada por todos os guerreiros da tribo, tornando-os mais fortes e valentes.

Quando os espanhóis por aqui chegaram, encontraram os índios guaranis dóceis e receptivos, já então utilizando uma bebida que sorviam em cabaças por meio de um canudo, preparada, com folhas de uma árvore nativa da região – chamada cáa – dizendo que esta lhes havia sido dada pelo deus Tupã. De imediato os espanhóis adquiriram este hábito e passaram a tomar o chimarrão, desde os soldados até oficiais, sem distinção de classes sociais.

O chimarrão, tradicional e salutar hábito do Rio Grande do Sul, é um símbolo da hospitalidade do gaúcho, que oferece sempre a qualquer visitante. Atualmente, é bebido em uma cuia onde depositamos um pouco de erva-mate já moída e de onde sorvemos o líquido (água quente sem ferver), através de uma bomba de metal.

O costume de tomar chimarrão está bastante difundido, tanto no meio rural como no urbano e faz parte da vida do gaúcho desde o amanhecer até a noite, quando encerra suas tarefas do dia.

 

A Lenda do Chimarrão (2)

Fazia muito tempo que Así, a lua, olhava cheia de curiosidade e de desejo desde seu céu escuro os bosques profundos com que Tupã, o poderoso Deus dos guaranys, havia recoberto a terra. Os olhos claros de Así recorriam a erva fina e suave das ladeiras, as altas árvores que alargavam suas sombras à luz do anoitecer, os rios e águas cintilantes. Seu desejo de descer até o bosque se fazia cada vez mais ardente. Então Así chamou Aria, a nuvem rosada do crepúsculo, e lhe disse:

– Queres descer comigo para a terra?

Aria, a doce companheira da deusa, ficou assombrada com o estranho desejo de Así. Mas mesmo assim seguiu-a preocupada.

– Sim. Vem comigo, Aria. Amanhã de tardinha deixaremos o céu azul e nos meteremos pelo bosque, por entre as altas árvores.

– Mas todos saberão o que estaremos fazendo; ao chegar a noite notarão tua ausência.

Así sorriu, com um brilho nos olhos.

– Somente as nuvens, tuas irmãs, saberão. Eu as chamarei, pedirei que venham velozes e apertadas. Juntas cobrirão todo o céu e ninguém saberá de nossa aventura.

As palavras de Así convenceram a nuvem rosada, e ao entardecer do dia seguinte, as duas bonitas donzelas passeavam pelo bosque solitário, enquanto negras e densas nuvens ameaçavam a terra com seu aspecto de tempestade.

Así admirava entusiasmada as árvores, que ofereciam seus frutos cheirosos, as varas finas sussurantes movidas pelo vento, o verde das folhas que se embranqueciam quando ela se aproximava. Así sentiu debaixo de seus pés descalços a úmida suavidade da relva, viu seu lindo rosto lunar refletido nas águas profundas dos rios. Así e Aria corriam felizes através do bosque, mas seus corpos iam se fatigando. Caminhavam pela noite escura deixando na sua passagem uma réstea de luz.

Ao longe, numa clareira do bosque, avistaram uma cabana em ruínas e se encaminharam até ela para buscar um pouco de repouso, pois ainda que fossem deusas na sua morada celestial, sentiam o cansaço na atual forma de donzelas.

De repente seus aguçados ouvidos sentiram o leve ruído de gravetos se quebrando. Así virou seu rosto radiante para o lugar de onde vinham os ruídos e sua luz iluminou um tigre, um jaguar (yaguareté) que se aproximava como que deslumbrado pela repentina luminosidade que elas irradiavam. As duas donzelas não tiveram tempo de perder suas formas corpóreas, mas esquivaram-se rapidamente para o lado, enquanto o tigre falhava em seu ataque. Depois viram um homem, de idade avançada, com instinto e experiência de caçador, que vinha em seu auxílio e lutava contra o jaguar. O bosque queria oferecer às duas deusas uma última e singular aventura.

Aquele homem sabia esquivar o seu corpo com agilidade das garras do tigre ao mesmo tempo que manuseava com destreza seu punhal, mas mesmo assim não parecia levar vantagem sobre o animal. Com um esforço fora do comum se lançou pela última vez sobre o jaguar. A lâmina do punhal brilhou por um momento no ar e caiu pesadamente sobre a cabeça do tigre, que terminou separada do corpo do animal.

O velho índio havia remoçado durante os últimos minutos que durou a luta. Parecia que todo o vigor de sua juventude tinha voltado ao seu braço poderoso. Mas, depois do tigre morto, seus braços caíram pesados ao longo do corpo, ainda que sua mão continuasse segurando com força o ensangüentado punhal. Depois, com a respiração ainda ofegante, seus olhos buscaram as duas jovens.

– Já não tendes motivos para vos preocupar – lhes disse – Agora peço, lindas jovens, que aceiteis a hospitalidade que posso vos oferecer em minha cabana.

Así e sua companheira aceitaram com gosto o convite, ao mesmo tempo que elogiaram o valor e a destreza que o velho índio havia demonstrado na luta. Depois o seguiram e entraram com ele na palhoça.

– Sentai-vos sobre estas esteiras enquanto aviso minha mulher e minha filha para que venham oferecer os deveres da hospitalidade – disse o velho.

O velho desapareceu, enquanto as duas jovens se entreolhavam cheias de assombro e sem atrever-se a dizer nenhuma palavra. Ao redor tudo era ruína e miséria e lhe chamava atenção que um homem só vivesse naquela solidão. Seu assombro aumentou ao tomarem conhecimento de que duas mulheres viviam junto com ele. Sua aventura na terra ia adquirindo uma série de novos matizes inesperados. Nem houve tempo de divagar, porque as duas mulheres anunciadas, cheias de amabilidades chegaram onde elas estavam.

– Viemos oferecer-vos nossa pobreza, disse a mulher do velho índio.

Así e Aria mal se davam conta do que lhes dizia, pois haviam ficado maravilhadas pela beleza e formosura da jovem, que cheia de um tímido recato, estava alí diante delas.

– Não tendes que vos esforçar – disse por fim Así, saindo de seu assombro – agradeceremos qualquer coisa que possais oferecer-nos, pois caminhamos pelo bosque desde o entardecer e estamos mais cansadas do que famintas.

A jovem se apressou então a trazer umas tortas de milho, que foram guardadas ao abrigo da luz e por isso mantiveram a maciez e doçura. Mas o que as duas deusas não sabiam naquele momento é que sob a forma humana haviam perdido alguns de seus poderes divinos e desta forma não puderam perceber que aquelas saborosas tortas haviam sido feitas com o único milho que restava na cabana.

Durante um bom tempo o velho casal e linda jovem donzela procuraram fazer prazeirosa a estadia das deusas, mas Así permanecia um pouco alheia ao que lhe diziam. Parecia-lhe tão fora do natural que aquelas três pessoas vivessem alí, separadas dos demais homens e expostos aos perigos das feras, que não podia afastar a idéia de que houvesse nisso algum mistério. Não agüentando mais de curiosidade, por fim perguntou, procurando as palavras certas para não demonstrar sua ansiedade, tentando naturalidade:

– Existe alguma outra cabana perto desta?

– Não – respondeu o velho índio – vivemos aqui completamente isolados dos demais homens. Não existe nenhuma cabana próxima daqui.

– E não sentem medo nesta solidão? – Perguntou de novo Así.

O velho sabia calar o que lhe interessava e respondeu evasivamente:

– Não, não, nenhum. Viemos viver aqui por nossa própria vontade.

Depois levantou-se, com alguma cerimônia e despedindo-se disse:

– Não desejaria cansar quem acolhemos debaixo do nosso teto, pois Tupã vê com desagrado aos que não cumprem dignamente a hospitalidade com seus semelhantes. Portanto, as deixaremos repousando o que resta da noite. Amanhã, se for o vosso desejo abandonar estes bosques, as acompanharei até onde não exista mais nenhum perigo.

E, ao terminar de dizer estas palavras, saiu seguido de sua mulher e a bela filha.

Quando Así se viu novamente à sós com Aria deixou que sua clara luz iluminasse o local, pois desde que encontraram o índio no bosque a estava reprimindo e escurecendo-se para não ser descoberta. Depois ouviu o que lhe disse Aria:

– Que faremos agora, Así? Voltamos para nossa morada e deixamos que esta gente creia que o encontro conosco tenha sido só um sonho?

Así moveu negativamente a cabeça.

– Não, não, Aria. Estou cheia de curiosidade para saber qual é o motivo que lhes fez retirar-se para este isolamento e prender com eles esta bela jovem. Se não conseguirmos que nos digam não saberemos, pois nosso poder não é suficiente para adivinhá-lo. Esperemos amanhã.

Aria não sentia a mesma curiosidade de Así, mas era amiga da pálida deusa, e concordou com seu desejo, ainda que não lhe agradasse muito passar a noite naquela cabana em ruínas.

Chegou a luz do novo dia e com ela Así anunciou ao velho que havia chegado o momento de andar.

– Esperamos-lhe – disse – que, assim como vos comportaste tão amavelmente conosco, nos acompanheis, como disseste, até o limite do bosque.

Não era necessário que a deusa lhe recordasse sua promessa, pois o homem era hospitaleiro e honrado e se colocou em seguida à disposição de seus desejos. Saíram, a mulher e a filha, a despedir-se das jovens aventureiras, que acompanhadas do velho se puseram à caminho.

Apenas haviam se apartado da clareira do bosque onde estava a cabana, quando Así, com toda sua fria astúcia, fez a tentativa para que seu acompanhante lhes dissesse o que tanto desejava. O velho havia percebido o desejo da jovem e atribuindo-o a curiosidade própria de mulher, decidiu satisfazer o desejo, e lhe disse:

– Formosa donzela, bem vejo que lhe chamou a atenção o isolamento em que vivo com minha mulher e minha filha, mas não imagineis que haja nisso nenhum motivo estranho.

Así, que começava a festejar com as primeiras palavras do velho, sentiu o temor de que ele não continuasse, ao ver que fazia uma pausa em seu relato. Então Aria, a nuvem rosada, fez uma tentativa para que o desejo de sua amiga acabasse satisfeito, e perguntou:

– Faz muito tempo que viveis neste bosque?

– Sim, faz bastante, e não posso queixar-me da solidão, porque ela me deu a tranqüilidade que começou a me faltar quando eu vivia entre os de minha tribo.

Então o velho índio, já disposto a fazer a confidência, contou às duas jovens o motivo pelo qual ele havia se retirado para viver na humilde cabana onde elas o haviam acompanhado.

Durante a juventude viveu junto aos de sua tribo, que era uma das muitas tribos que haviam nas proximidades dos grandes rios, dedicadas à caça e às lutas. Alí conheceu aquela que seria sua mulher e sua alegria ficou sem limites no dia em que nasceu sua filha, uma menina tão cheia de beleza, que aumentava o gozo natural de seus pais. Mas esta alegria foi sendo trocada por preocupação à medida que a menina foi crescendo, pois era tão inocente, tão cheia de doçura e falta de malícia, que o pai começou a temer o dia em que ela perderia tão lindos atributos. Pouco a pouco, o desassossego, a inquietação, e o temor invadiram o espírito deste índio até que decidiu separar-se da comunidade em que vivia para o isolamento e a solidão, para que sua filha pudesse guardar aquelas virtudes com que Tupã a havia enriquecido.

– Abandonei tudo que não necessitava para viver no bosque – disse o velho – e sem dizer a ninguém para onde ia, fugi como um veado perseguido, até a solidão. Desde então vivo ali. Só o carinho que tenho por minha filha poderia fazer-me cometer esta espécie de loucura. Mas sou feliz assim e vivo tranqüilo.

Calou-se o velho e nenhuma das duas soube o que responder. Então Así, vendo que o limite do bosque estava perto, pediu que as deixasse, depois de prometer-lhe que não falaria à ninguém de seu encontro. Concordou o velho índio, e, tão logo Así e Aria ficaram sós, perderam suas formas humanas e subiram para o céu.

Passaram-se alguns dias, nos quais a pálida deusa não podia esquecer as aventuras e tudo aquilo que aconteceu no seu encontro no bosque, e, observando o velho índio desde a sua solidão celeste, compreendeu todo o valor da hospitalidade que ele lhes havia oferecido em sua cabana, pois viu que as tortinhas de milho, de que tanto gostavam todos daquelas tribos, haviam desaparecido de seu alimento. Não restou dúvidas que aquelas que lhes foram oferecidas eram as últimas que tinham. Então, uma tarde, voltou a falar com Aria e lhe contou o que tinha observado.

– Eu acredito – disse a nuvem sorridente – que devemos premiar aquela gente. Que pensas, Así ?

– Pensei a mesma coisa e porisso quis falar contigo. Poderíamos fazer, já que o velho tem todo este amor pela filha, tão fora do comum, que nosso prêmio recaísse sobre a jovem.

– Pensaste muito bem, Así. E como foi tão hospitaleiro, e sabes que Tupã se alegra que os homems sejam assim, teremos também que demonstrá-lo.

Desde aquele momento as jovens deusas passaram a buscar um prêmio adeqüado. Por fim lhes ocorreu algo verdadeiramente original e, com o maior segredo, se decidiram a pôr em prática. Para isto, uma noite fizeram cair em sono profundo os três seres da cabana, e, enquanto dormiam, Así, em forma de branca donzela, foi semeando na clareira do bosque, diante da palhoça, uma semente celeste. Depois voltou para sua morada, e desde o céu escuro iluminou fortemente aquele lugar, ao mesmo tempo em que deixava cair suave e docemente uma chuva miúda que encharcava amorosamente a terra.

Chegou a manhã, Así ficou escondida debaixo de um sol radiante, mas sua obra estava concluída. Diante da cabana haviam brotado umas árvores miúdas, desconhecidas, e suas brancas e apertadas flores surgiam tímidas entre o verde escuro de suas folhas. Quando o velho índio despertou do sono profundo e saiu para ir ao bosque, ficou maravilhado com o prodígio que se estendia diante da porta da sua palhoça. Parou ali, quieto, tentando entender o que havia acontecido, cheio de temor de que seus olhos e sua mente não fossem fiéis à realidade.

Por fim chamou sua mulher e sua filha e ficaram os três parados ali olhando aquela maravilha. Nesta hora uma visão maior surgiu ante seus olhos e os fez cair ajoelhados sobre a terra úmida. As nuvens que vagavam separadas pelo céu luminoso, se juntaram apertadamente escurecendo o céu, ao mesmo tempo que uma figura branquíssima e radiante de luz descia até eles. Así, como a figura da donzela que tinham conhecido, lhes sorria com confiança.

– Não tenhais nenhum medo – lhes disse – Eu sou Así, a deusa que habita a lua, e venho premiar vossa bondade. Esta nova planta que vêem é a Erva Mate, e de agora em diante constituirá para vocês e para todos os homens desta região o símbolo da amizade. Vossa filha viverá eternamente, e jamais perderá nem a inocência e nem a bondade de seu coração. Ela será a Senhora dos Ervais.

Depois, a deusa os fez levantar-se do chão onde estavam ajoelhados, e lhes ensinou o modo de tostar e de tomar o mate.

Passaram-se alguns anos, e a morte chegou para o velho casal. Depois, quando a filha cumpriu os deveres rituais, desapareceu da terra. Desde então somente deixa-se ver de vez em quando entre os ervais paraguaios como uma linda jovem ruiva, cujos olhos refletem a inocência e a doçura de sua alma.

MATE s. Infusão de erva-mate Illex paraguayensis, St.-Hil.) preparado em cuia de porongo e sorvida por meio da bomba.

A erva-mate em história natural toma o nome de Ilex paraguayensis. Também a denominam chá do Paraguai. Os índios guaranis a denominavam cogoi e caá, sendo esta última a palavra mais usada. A palavra congonha, como a denominavam em São Paulo e em Minas Gerais, cabe à erva encestada, é uma palavra composta de cogoi e da partícula nha, encestar, isto é, colocar em jacá ou em cesto.

O mate tem entre os índios guaranis uma origem mitológica. Começaram a usar como bebida a erva-mate, caá por indicação de um pajé, feiticeiro. Segundo uma lenda, tendo anhang aparecido a esse pajé, narrou-lhe as virtudes e os males do caá.

Desde então começaram a usá-la com as devidas precauções para tirar dela as vantagens tônicas e medicinais, evitando seus inconvenientes.

Não só os pajés como os caciques nas grandes decisões, nos conselhos, nada resolvem sem tomar alguns tragos de mate. Tal é a conta que têm de suas virtudes.

Os índios guaranis usam o caá em infusão com água não muito quente, a que chamam caay, mate, e com água fria, como refresco tônico, a que chamam tereré. Na opinião deles, a água quente, fervendo, tira-lhe as virtudes e faz mal.

Segundo autores notáveis, o mate tomado à noite provoca insônias. É excitante e tônico do sistema nervoso. Seu uso moderado estimula a imaginação e facilita o trabalho intelectual. Por sua ação tônica promovendo o equilíbrio fisiológico, constitui um sedativo do sistema nervoso. O mate chimarrão é que goza destas propriedades. Porém, para que ele dê resultado, não deve ser tomado com água muito quente. Tomado com água fria, o tereré, além de ser um refresco, é mais enérgico nas ditas virtudes medicinais. ( João Cezimbra Jacques, Assuntos do Rio Grande do Sul, P. A., Of. Da Escola de Engenharia, 1.912 )

 

A Lenda do Chimarrão (3)

Era sempre assim: a tribo de índios guarany derrubava um pedaço de mata, plantava a mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se euxaria e a tribo precisava emigrar a terra além.descrevemos uma:

Cansado de tais andanças, um velho índio, já mui velho, um dia recusou seguir adiante e prefere quedar-se na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary ficou entre dois corações: seguir adiante, com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse para a paz do Yvi-Marai. Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo junto ao pai.descrevemos uma:

Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou um pajé desconhecido e perguntou à Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça nada pediu, mas o velho pai pediu, “que renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo que lá se foi”.

Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou que ele plantasse, colhesse, as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão, “terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão”. Dada a receita partiu.

Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram o nome de chimarrão.

Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força e pode empreender a longa viajada até o reencontro com seus. Foram recebidos com a maior alegria.

E a tribo toda adotou o costume de beber da verde erva, amarguentinha e gostosa que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais total solidão.

Origem do nome Mate

O espanhol preferiu usar a voz “mate”, da língua quíchua, e que se ajusta melhor à modalidade grave do idioma. A palavra quíchua “mati” era a designação da cuia. Substituiu a palavra guarany, caiguá, nome composto das vozes caá (erva), i (água) e guá (recipiente). O significado é o seguinte: recipiente para a água da erva.

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